Não tão rápido, disse ao motorista. Não to com pressa, Osmar, pode ir devagar. O carro ia deslizando pelas ruas tranquilas da área nobre da cidade, e a senhora falando ao telefone no banco de trás. As ruas tranquilas da área nobre da cidade, e o carro deslizando sobre o asfalto bem cuidado. Ao fim da rua, uma avenida movimentada, mas não congestionada. Vermelho. Os faróis do freio do carro da frente e o sinal de trânsito. Verde. As folhas das árvores da praça e o carro acelerou. Devagar, Osmar. E devagar o carro passou para a avenida movimentada, mas não congestionada. Vinte minutos e o carro encostou, parou, e a senhora desceu, ainda ao telefone. Entrou no prédio alto, bonito, coberto por vidros azuis. Osmar, me busque às cinco.
Osmar entrou no carro. Não, dessa vez não estava dirigindo devagar. Madame não estava com pressa, mas Osmar sim. Antes de sair de carro com a patroa, soubera pelo celular, que seu filho, que andava pelas ruas tranquilas da área nobre da cidade, indo para seu trabalho de jardineiro, fora atropelado por um motorista cujo patrão estava com pressa. Rápido, Chico! Não temos tempo pra socorrer esse vagabundo! Meu vôo é em quarenta minutos!
Osmar estava com pressa e chegou ao hospital às três.
Não tão rápido, disse às lágrimas. Ainda não sei como ele está.
Vermelho.
Verde.
As lágrimas desceram pelo rosto.
Osmar não estava mais com pressa, mas as lágrimas sim.
Cinco horas e o celular tocou.
Osmar, você está atrasado. O que aconteceu?