segunda-feira, 19 de julho de 2010

Arroz Sem Sal

O arroz não tinha sal e ele não se conformou naquele momento, mas logo esqueceu. Ficara quinze minutos na fila pro bolinho de arroz não ter sal. Só isso, era amostra grátis. Estava então andando, sendo puxado por ela para saírem logo da parte japonesa da cidade. Ouvia coisas como vamos logo! Estamos atrasados! Você e seu maldito bolinho de arroz. Dizia que não sabia que estaria sem sal e ainda temos dez minutos! E é logo ali.
Um, dois, três, quatro cruzamentos, quatro sinais fechados e oito minutos. O prédio era grande, de escritórios. Dois minutos e estavam no horário exato da consulta. Revistas de decoração com ela e automobilísticas com ele. Três minutos e ela cochichava um absurdo psicóloga atrasar, cê num acha? Não.
- Bom, por que vocês estão aqui?
- Porque a gente não se entende mais. Cinco anos e não tem mais um dia sem briga. Ainda agora por exemplo ele tava discutindo comigo na sala de espera porque... porque...
- Porque ela disse que era um absurdo a senhora atrasar a consulta.
- Fernando! Por que você inventa essas coisas? Não falei nada disso, doutora. A gente tava discutindo por outro daqueles motivos irrelevantes que ele sempre insiste em discutir. Nem lembro mais. A questão, doutora, é que.


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